Antes de mais nada, todos sabemos sobre os riscos à saúde causados pelo tabagismo. Logo, esse é um hábito que devemos evitar. Isso é muito mais importante quando existe a necessidade de uma intervenção cirúrgica. Em outras palavras, o risco de qualquer cirurgia é maior em pessoas com esse hábito. Isso ocorre devido a diversos mecanismos. A princípio, pode-se pensar que o tabagismo afeta somente o pulmão. Esse é um conceito incorreto. Diversos órgãos ou sistemas são afetados. Além dos efeitos sobre o pulmão, os efeitos sobre o sistema cardiovascular e sobre a cicatrização afetam muito os resultados de uma cirurgia. Devido a esses motivos a questão do tabagismo sempre será abordada na avaliação pré-operatória.
Tabagismo e complicações
Em primeiro lugar, o tabagismo promove a destruição dos cílios responsáveis pela “limpeza” das vias respiratórias. Dessa forma, há dificuldade de expectoração e o acúmulo de secreções nessas vias. Na sequência, ocorre o colabamento dos alvéolos pulmonares, também conhecido como atelectasia. O acúmulo de secreções também pode causar pneumonia. Acima de tudo, essas duas complicações dificultam a oxigenação do sangue. O cigarro também dificulta o transporte do oxigênio pelos glóbulos vermelhos. Além disso, causa redução do calibre dos vasos sanguíneos, o que reduz o aporte de sangue aos tecidos. Isso tudo aumenta o risco de complicações cardiovasculares e dificulta muito a cicatrização.
Prevenção das complicações do tabagismo
Em suma, a única maneira de reduzir o risco cirúrgico em tabagistas é parar de fumar. Diversos estudos demonstram que após quatro semanas de abstinência do cigarro já há redução do risco. Nesse sentido, quanto maior o tempo sem fumar, menor o risco. Essa não é uma tarefa fácil. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia desenvolveu um guia para auxiliar nisso. A fisioterapia respiratória no pós-operatório imediato também é muito importante. Ela auxilia muito na expansão pulmonar e reduz o risco de atelectasia e de pneumonia.